quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Anatomia Geográfica

Nos pés, calos;
Na pele, calor.
Quem sabe ao litoral se localiza a pele
- Temperada com temperatura em alta, 
Ela umedece;
Na baía curvilínea,
Aonde o vento faz a curva
- Quem sabe uma ilha -
De brisa se apetece.
Já os pés caminhando com suas pelejas,
Quiçá vivem em terras sertanejas;
Encaminham suas vidas secas -
Descalços realçam seus calos,
Seus cactos,
Sua peculiar beleza.

Nas veias, há rios
De sangue que corre;
Na vagina, é típico
O sangue que escorre.
Veias abertas como as da América
Latina;
Encubada e como Cuba
Embargada
Está a vagina;
É enquadrada 
Pelo Imperialista
A buceta ousada,
Aquela que migra.
Às vezes como útil é dada, 
Substitui a mão de obra nativa,
Julgando-a barata,
Sempre será clandestina
- E na clandestinidade é sangrada;
Depois culpam a vagina,
Ela que é sanguinária.
Não raro invadida,
Essa parte colonizada
Cansou de sua sina;
Basta desse complexo de vira-lata!
Reivindico minha soberania!
A terra é dela,
A daqui é minha.

Ao centro-sul
Manifesta-se a democracia -
Em um canto chamado cu
Dissiparam as fronteiras;
Lugar de excretar a sujeira
E quiça aderir ao gozo -
Adentro, fora o moralismo, dá-se tempo novo! - 
Uma fresta de alívio e liberdade,
Uma festa de convívio e sacanagem;
Contudo, não é de todos -
Mas não há quem não o tenha,
Seja burguesia, classe política
Ou povo.

Nas entranhas
(Ditas como terras estranhas),
Habitam dores e borboletas.
Girando como o globo,
Ao norte, 
Localiza-se a cabeça
Desnorteada -
Escala suas montanhas,
Agora se sente forte
E regozijada.
Sua massa cinzenta
Já não é de sombria neblina,
É de sóbria essência;
Feito a massa popular,
Fermenta.

No mais, advirto:
Não faça como os europeus
Fizeram com a África:
Armando-se com régua,
Para essas terras serem traçadas.
Denominado primeiro mundo,
O terceiro não é seu
- Ou segundo.
A anatomia geográfica 
Também não está para ser mapeada;
Descarte seu GPS,
Colonialismo moderno
Também não desce.


- Júlia S.

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