sexta-feira, 31 de maio de 2013

(Re)formulando

Armada {transforme a luta

      Armado  {que não haja mais luta, pois quando não houver luta é porque não há mais guerra, civil ou em toda a Terra                       

Desigualdade


 Preconceito  Reajuste  Injustiça   Escravo  Claro {esclarecido

Liberdade, paz... {da humanidade, o melhor da essência, com boa vontade, e paciência, mas por favor, sem reticências... Ops!
   


Lidar   Lidar  {e vou te lendo, e vou te dando, o que vou               tendo... Vou te relendo, e vou te amando...




        Sobrenome {tenho um nome só meu, não é o segundo que define o eu; mais que um Silva, eu sou o Fulano, eu sou acima de tudo um ser humano


        Entrelinha

                                           Na linha
                                           
                                           Entrelinha

^
Entre nessa linha torta, mas que não se esconde nas entrelinhas... não se contente com o que não lê entre elas, nem nas letras garrafais tão certeiras dessas linhas; siga a sua linha, de caminho ou de raciocínio, tens a tua, tenho a minha...
E quem nos dirá quando for o fim da linha? Por favor, seja finita...


Minha } colocar um M no final


                 
               Amor {amai, amai-me, e quando também amares, aí completará e sim será AMOR, amém... enfim, assim, me ame, meu bem


             Amai-me


Julgada} Ju, e me é tão injusto ter esse apelido; por ser injúria ser julgada sem sentido; por ser insulto julgamentos sem motivo


Vida
Vida
VIDA >>> vi da vida o que vi, vivi o que se dá da vida, e enfim...


------------------------- X ------------------------------------

(En)fim



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Aquele Velho Retrato

E quando o mundo parece desabar
Na minha cabeça,
Ou quando pretendo que esta exploda
Para que assim algo eu esqueça;

Quando sem chão,
Me resta um teto em ruínas,
Que para o céu não me concede
A graça de tal visão;

Quando o que era belo
Já não tem mais beleza,
Quando o que eu afirmava
E sabia, virou a mais cruel
Incerteza
Quando a minha euforia
E outras coisitas 
Viram réus da tristeza;

Aquele cálice tão doce
Desce quadrado como ácido
Corroendo o que há dentro de mim
E o meu drama
Já não consegue mais ser sistemático
Tampouco delimitar o seu fim;

Então, o que faço?

Simplesmente,
É claro,
Eu pego aquele velho retrato.
Cuja realidade, caráter
E estado, ficou assim,
Na graça de um flash,
Estagnado.
Ou melhor colocando,
Conservado.
Carrego neste presente
O direito daquilo que se sente
E não mente, um pedaço
Do passado.
Outrora aprazível,
Estimado eternamente
Naquele velho retrato,
E o tal atualmente
Idealizado.

Não se trata de um retrato
De quem se foi e não é
Simplesmente por não existir
Mas por não ser, mudando junto
O meu sentir,
Descaracterizando o meu sorrir.
É um retrato de algo
Um personagem realizado
Um ideal, um prazer
Personificado.

É aquele meu ídolo,
Que quiça (será?) também fora uma farsa,
Mas essa em mim não dói.
E eu sei lá seu real princípio,
Eu sei do seu ideal ofício.

Não custa nada fingir que consola
A minha dor
Diante do espelho, do meu reflexo
Ou dos cacos dessa vida,
Para quem já inventou o amor
E fez tanta utopia.

É esse retrato com o qual converso,
Que me ouve,
Chame-me de louca, esquizofrênica, noiada, autista
Quem for.

Dialogo melhor com a poesia.

E para quem pensa que ele não me responde,
Ele até me empresta sua voz!
Lamuria em suas músicas
Aquilo que enfrento como algoz.

Ou quem sabe em poemas...
Tudo vale a pena, quando a emoção
Não é pequena.



- Júlia S.




Nossa História

Nossa história tem que virar cinema,
Filme de comédia romântica/dramática,
Rolando filas e filas, 
De fãs ensandecidas, e quase
Acrobáticas.
E a nossa vida
Rodando um pouco mais bela
Naquela projeção,
Naquela tela.

Nossa história tem que virar música,
Uma melodia comum,
Uma letra única.
Impregnando nos ouvidos,
Alterando os sentidos
Da audição e emoção.
No limiar de uma visceral canção
Ou simplesmente mais um
Hit de verão.

Nossa história tem que virar novela
Dando nó, acendendo a vela
Alguém querendo desatá-lo,
Outrem segurando vela.
E nós firmando um laço.
E assim segue cada capítulo
Desse enredo rotulado
Sob algum chinfrim título;
De um jeito caracterizado,
De um sem-jeito estampado,
De qualquer bem-feito finalizado.

Nossa história dava pra virar conto.
Algum conto sem ponto,
Sem pé nem cabeça;
Finalizado em três pontos
Como acabou invente, se acabar
Esqueça.
Publicado em best-seller
Quem sabe virando série
A mais premiada do ano,
Depois o público esquece
Com outras parecidas,
Que minúcias vai implantando
Ou simplesmente
As abrevia
Em qualquer história
Sem vida.

E aí, digo
Que nossa história
Bem que podia
Virar história
Personificada por nós dois,
Existente no dia-a-dia.
Não apenas o que se escreve,
O que projeta,
Ou o que idealiza.
Uma história
Que pra começar
E tampouco pra acabar
Se tem hora.
A gente não precisa ser autor,
Só personagem;
Na nossa cabeça, não nos cabe imaginação
Apenas nossa particular viagem.
História espontânea,
Onde não cabe encenação.
Somos protagonistas
De uma história
Jamais lida.


- Júlia S.





domingo, 26 de maio de 2013

Olhe por Mim

Olhe para as minhas marcas.
Não são marquinhas de biquini.
São marcas sob sol não de uma praia,
São as marcas do meu cotidiano, de feridas
Das vaias.
Olhe pro meu buraco.
Não, não é o buraco da minha vagina.
É aquele buraco da alma,
De tiros sutis
Que recebo todo santo dia,
Que perfura a minha calma
Que vai no buraco do ralo
Da pia.
Olhe para a minha carne.
Não, não é aquela carne boa de olhar, apreciar, pegar:
Coxas, seios, bunda...
É uma carne pútrida,
Mas que ainda não se fez decompor
No meio de tanta dor, se refaz no fazer
Da luta;
É aquela carne sujeita a fraquezas,
Porém não me deixa de ser pura.
Olhe para a minha pele.
Não, não é um convite para o desejo,
Uma pele perfeita, casca de pêssego.
É mais que casca, é um reflexo
Do miolo, da semente,
Do meu fruto.
É uma pele que em meio a trapos
Traja um particular(?) luto.
Olha para o meu suor.
Não é resultado de quatro horas
De academia esculpindo o corpo,
Ou de meia hora servindo o meu corpo
Em troca de um (in)certo gozo.
É resultado da labuta,
É o que cobre essa minha tez
Nua.
Que me banha na lua.
É a água que cai, que molha,
A rua
Dessa gostosa que passa.
E já que hei de passar,
Olhe para os meus pés.
Estão calejados, e não
Por ter sambado, "funkeado"
Ou - claro! -
Ter andado por um dia inteiro
Em cima de um suposto salto alto.
É por simplesmente ter andado -
Caminhado - num caminho sem carinho,
No quente do asfalto.
Olhe para o meu sorriso.
Não é um sorriso plastificado,
Para vender pasta de dente, ou seja qual for o jogo;
Quem sabe esperar que comprem minha pseudo-felicidade,
Sem haver troco.
Olhe pro meu rosto.
Não uma carinha bonita,
Mas uma cara a tapa,
E a face da minha vida.
É um sorriso que celebra o direito de ter esperança,
E aquilo que foi conquistado.
Um sorriso cheio de dentes não apenas para mostrar,
Mas para morder quando precisar -
E há de ser precisado.
Olhe para o meu peito.
Não é aquele que a natureza me deu
Para alimentar um filho que não é só meu;
Não é aquele silicone que o doutor implantou
Para o seu tesão, para acobertar um câncer que passou.
É aquele peito sobre um coração
Que segue batendo 
E lutando pelo seu sentimento.
Próximo ao meu pulmão,
Que segue disputando pelo ar.
É aquele peito para lutar
De quem tem pleito a continuar,
De quem tem raça - humana - seja branca, negra ou mulata.
É um peito que em outrora 
Já me foi oferecido
Para no leito me aconchegar;
Isso sim, é uma coisa gostosa!

Tá certo,
Se quiser, olhe para mim quando eu passo.
Mas não se esqueça de olhar
Por mim quando eu faço.
Mas não vá pensando que eu sou fácil...
Não vá abusando da força de um sexo frágil.

Olhe para o meu suposto rótulo.
É a minha bandeira!
Olhe para mim como um todo,
É essa de fato a minha beleza.



- Júlia S.



terça-feira, 21 de maio de 2013

Meu Brasil Brasileiro

E aí te pergunto, meu caro,
Se tu amas o Brasil? 
Esse país tão complicado,
Tão incomum...
E cujo amor, ou amores
Por ele é algo tão subjetivo,
Já para alguns 
Um sentimento com objetivo...

Algo assim como seu povo,
Tão distinto.
E assim vai, misturando
Entre pessoas e opiniões.
Patriotismos e paixões.
Enganos e desilusões.


E então, mudo a pergunta:
Você ama O BRASIL,
Ou ama isto ou aquilo?
Ama o que planeja para este país,
Sonhos mil?

Ama teu país?
Ou algo nele em especial?
Ama sua diretriz,
Suas causas para território nacional? 

Se você ama a democracia,
A liberdade de expressão,
Ou quem sabe a economia...
Sinto muito, mas seu amor está fardado.
O seu Brasil, é um pobre país vetado.
Ou quiça,
Você usa terno e gravata.
Mas deve amar mais o exterior,
Onde tem conta e e dá uma passeada.


Se você ama o samba,
Essa exótica diversidade,
Ama o carisma brasileiro,
Futebol, caipirinha, praia, sol e as
Nossas beldades.
Então, das duas uma:
provavelmente você "Ama o BRASIU"
Ou "Love BRAZIL".

Quiça só ame o Rio de Janeiro,
Na Zona Sul.
O resto, é resto...
O resto é um cu
Que não faz parte do corpo.
Só da merda
Dos outros.

Mas é esse mesmo resto
Que canta feliz da vida,
Os hits do sucesso.
Algo assim, como
Ai Se Eu Te Pego
(Pobre Tom Jobim!)

E ninguém se apega...

Mas não é assim que se escreve,
Brasiu ou Brazil.
Se escreve BRASIL.
E não se esconde nas entrelinhas
Ideologia, direitos, povo, igualdade, sabedoria...
Entre outras palavrinhas.
Enquanto censura meros palavrões,
Os mesmos que nos cospem
Enquanto faturam mais alguns milhões.
E outros não usufruem alguns milhos
Das plantações.

E se você assim sabe nosso país escrever
E mais: o sabe ler, contextualizar e entender;
E assim quer continuar essa redação,
E incluir nessa escrita toda uma nação,
Você sim,
O ama!

Sabes que é o nosso Brasil brasileiro.
Mas não há de se conformar
Com esse rascunho em letras legíveis
Que nos cuspiu, 
Essa pátria que nos pariu.

Salve o Brasil,
Salve os brasileiros.
Sem cegueira, sem distinção,
Sem preconceitos.
Sem alienação.

Dizem que não somos censurados?
Talvez porque não precisa vetar
Um povo castrado.

E salve não aquele(a)
Que tenha a cara do Brasil,
Talvez uma (gostosa) mulata...
Mas salve um Brasil
Que tenha todas as caras,
A nossa cara.

Com seus amores,
Não inquestionável passionalidade 
Por cima das dores.


- Júlia S.




Que país É este, Graúna? 
...
Como de costume, eu usando da arte de Henfil, o filho do Brasil.

No que Eu Estou Pensando?

Não é estar pensando em algo,
É estar pensando assim,
Quem sabe pensando assado.
É estar pensando
Para concretizar.
Será? Quiça...
É estar pensando
O que não deve divulgar.
Não aquele direito censurado,
Mas aquele direito que sua graça
É a de ser plena e simplesmente
Só meu.
Direito de ser guardado.
É o o meu pensamento que ninguém precisa
Achar, e em nada
Precisa ser achado.
Pensamento que não é de
Sistema, é de
Estado.
Pensamento sem paciência,
Mas coitado, que pena,
Está tá tão estagnado.

E um leva a outro,
E o outro volta ao ponto de partida...
E vou brincando nesse jogo,
Empatando em toda partida.
E até agregando as partes
De um pensar partido,
Em suas particulares fases,
Mas nunca dividido.
Só não garanto
Que eu não esteja pensando
Algo negativo.
Pois aquilo que não pode ser real,
Eu o faço em pensamento;
Não que seja o meu ideal.
Longe de mim,
Tal descontento.

E se penso em quem for,
Da hora da alvorada até quando o sol se pôr...
Não adianta, proprietário desse pensamento
Soy jo.
Desse tudo ou nada idealizado.
Dessas respostas cretinas, 
Dessa incógnita bendita,
Dessa ordem maldita
Desse sei lá o quê questionário.



- Júlia S.


sábado, 18 de maio de 2013

Sistematizando

O meu Estado é o meu estado
De espírito.
E como diria o poeta,
O progresso da minha nação,
São os cacos sendo colocados, recolados,
É simplesmente a união.

E se eu obtenho a vitória
Dessa eleição,
Quem definirá isso não são votos
Depositados
Em rótulo.
É a minha própria campanha.
É a minha corrida sem pódio.

E o meu palácio do planalto
É uma choupana.
Não é um barraco armado.
É uma barraca armada
Sob um edredom,
Ou sobre uma segunda tez.
Ou ao ar livre,
Ao sol, à brisa,
Ao som.
À poesia.
A poesia, meu discurso.

Não um discurso barato,
Discursado em chiados
De um reles rato.

É um discurso de graça.
Quem sabe um dia publicado.
Quem sabe devorado por leitores
Ávidos.
Ou somente pelas traças que adoram
Os livros.
Os discursos que não foram lidos.

Esse discurso já está em páginas...
Difícil é demarcar seus capítulos.
Difícil definir uma capa
Para esse discurso de graça.

E a minha elite
É povo que não desiste.

A minha burguesia não usa
Uma pseudo-grife
Chamada preconceito.
Eles são cobertos por um mesmo manto
Chamado respeito.

O meu terno e gravata
É a tez e alma nuas.
E a minha estrada
São as crateras da lua.

E no meu regime,
É condenada à forca
A bruta força.

O meu leito,
O meu pleito,
Tudo isso se confunde
No que se diz peito.


- Júlia S.



As Minhas Águas

Suo frio
H20 e cloreto de sódio.
Às vezes urino o ódio.
Choro sangue,
O meu sangue.
E bebo o sangue
De Cristo (?)
Bebo não o sangue desse
Crucifixo,
Do sofrer;
Bebo o sangue
Da singela pulsação
Do divino prazer,
Bebo vinho.
E exagero sem querer.
De preferência,
Por favor,
Tinto.

E entre lágrimas,
Suor e álcool,
Tanta água é o
Meu combustível.
Ou até mesmo
A água que me consome,
Que me bebe.
Que se repete.

Sob a chuva,
Me banho com suas gotas 
D'água
Tão lindas
Que até dá vontade de comer.
Mas tão poluídas;
Por quem elas servem,
Lentamente corroídas.
E nessa selva, já não servem.
Já não são amenas ou bonitas.

Ácidas como o suor
Com o qual se confundem
Na minha labuta
Contemplada por 
Essa chuva.
Ácidas como as lágrimas
Que minha língua lambe
E sente, simplesmente
Salgadas.
E a minha alma cospe
Essas águas amargas.

Talvez afogaram o açúcar do coração, 
Pra não morrer diabética
Numa possível contra-mão.
Pra nadar em mar,
Quando não há mais terra firme ou chão.

É essa água que vivo,
Não apenas usufruo
E tampouco sobrevivo.

E da água que encontro 
Em seu beijo molhado,
Obrigada,
Já não mais necessito.


Tanta água é o
Meu combustível.
Ou até mesmo
A água que me consome,
Que me bebe.
Que se repete.
Como isso tô repetindo.

Cada gota forma assim,
O meu mar.
Do qual não sei como sair.
Só sei simplesmente
Contra a corrente ir.
E vou indo...

Nessa fonte dos desejos
Que não são realizados,
Apenas idealizados e feitos.
Cada um sabe o que deseja,
E sabe suas pelejas.
Tenho as minhas nessa fonte.

Ou me equilibrando num barbante
Que das minhas cataratas é 
A ponte.
É o ponto,
Minha água.

É um poço sem fundo
Sem pé, nem cabeça...
De água, não areia
Movediça.
Cada vez mais profundo,
Quando o achismo diz que já chega.

H20 e cloreto de sódio.
Amor, empatia, desilusão, incerteza...
Raiva, mas evitando dissolver no ódio.

E claro,
Bendita uva que faz bem pro coração
E o maldito álcool
Que um pouco também é bom,
Pro coração, pro espírito, pra língua,
Pra enganar a própria dissimulada
Ilusão.

Assim se compõe a minha água da alma. Esteja esta suja ou lavada.


- Júlia S.



O Vinho e O Tempo

O vinho melhora com o tempo.
E o tempo melhora com o vinho.
Justamente aquele tempo frio,
Em que não há segunda pele que aqueça o corpo,
Que não há coração
Que aqueça a alma,
Que não há calor que
Alimente a calma.

Não há "tim-tim",
Não há o me e o ti;
Mas ainda há o o tinto
Do próprio sangue,
O próprio branco do brando
Do espírito,
Sobre o ácido cítrico.
Gole travoso
De solidão
Saboreando o próprio corpo,
Bebendo do coração.

E o tempo melhora o vinho.
E o vinho melhora o temporal,
Aquela ventania por trás da porta
Que já derrubou uma árvore morta.

Não há o úmido de um beijo,
Mas há o úmido das gotas
De um vinho seco.

Suavizando a intensidade
De uma feroz tempestade.
De uma algoz saudade.

Sirvo somente uma taça,
Ou logo encosto a minha boca
Na boca da garrafa;
Já que a tua presença,
Não me concedes essa graça.


- Júlia S.






quarta-feira, 15 de maio de 2013

Aquele Chão

Insistindo em correr sobre um chão instável, ela correu.
Corria sem saber o porquê, sem saber até onde correr.
E numa pedra topou, bateu, caiu.
E o que ela viu?
Viu o chão cheio de lama, espinhos e urtigas.
Um chão que a puxara, mas então agora saíra
Dessa areia movediça.
Se arrependera?
Com certeza não.
Para admirar ainda mais o céu,
E olhar ainda mais para os lados,
Ela precisara sentir o até então
Desejado gosto amargo
Daquele chão.

E foi limpando cada hematoma,
Como quem varre uma sujeira.
E foi assim, ficando quem sabe
Cada vez menos sujeita.

E enquanto não pode pisar no céu,
Pretende se livrar de ser pisada
Como a mais condenada dos réus.


- Júlia S.



terça-feira, 14 de maio de 2013

A Imagem

E quando olho para o lado,
Vejo aqueles olhos desconcertados.
Olhos que são a janela,
Janela que é aberta,
Abertura que é bela
Beleza que é imagem que me fita,
Tal qual me faz ser recíproca;
Tal qual cala a minha boca,
Detém os meus olhos,
Vibra a minha alma;
E minha mente não aflita,
Apenas reflita
Sobre aquela imagem.
E a minha pele arrepia,
E meu corpo todo que sinta.
Sinta preso numa cinta
Modeladora e sucinta (?)
Que prende numa vontade;
Simplesmente sinto a imagem,
Cada pluma de suas asas,
Cada uma de suas páginas...
Cada trecho, cada verso, cada prosa,
Cada poesia.
Cada letra e cada vírgula,
De tal imagem que não chegou
Chegando, para ser vista.
Uma imagem despida, que 
Chegou por chegar
Para ser lida.

Essa imagem que imagina
A minha imaginação
Que não é apenas imaginária.
É uma realidade simplesmente avoada.

Viajada, tal mente imaginada.
Tal sentir da cena retratada.
E nela vou viajando, voando...
Vou levando, até que nesse mesmo ponto de partida
A minha viagem aterriza.
Aterriza na imagem.
Que olho sem perceber
Que é da minha imagem à semelhança.
Não é espelho, mas espelhada, não é esperança,
Mas é esperada.
E então meus olhos enxergam límpidos
A minha própria lambança.

E como quase tudo em minha vida,
Transformo esse reflexo,
Essa imagem refletida,
Em uma postagem pouco mais finita.


- Júlia S.



A Causa

E ela casou.
Casada com a sua causa.
Seu chão, seu céu, sua casa.
Era isso, assim, sua causa.
E ela causou.
Causou com a sua causa.
Que deixou de ser simplesmente 
Algum objetivo com causa,
Para ser causada com objetivo.
Cavava
Cada vez mais fundo
A sua causa, 
Mas não enterrava.
Ou soterrava.
Ou sepultava.
Jamais.
Abraçava sua causa.
E sua causa abraçava sua alma
Uma vez causada.
Vestia a camisa de sua causa.
Mas tirava a blusa,
E rasgava a calça.
Era uma rebelde com causa.
Despida de preconceito,
Despida de uma roupa para causar,
Apenas vestida e revestida por sua causa.
Uma roupa, uma
Capa, uma casca
E um interior, um miolo
E uma alma de causa.
Uma vestimenta não casual.
Uma causa.
Uma causa que tinha uma cara.
Uma causa que não é cara.
Mas uma "minha cara, a causa..."
Uma causa em massa.
Mas que não é de uma massa, é
De um, do povo.
Uma causa que tem espírito,
Corpo e cara.
Uma cara pintada, mas sem
Máscara.
Uma causa que não cala.
Uma causa da paz, mas inquieta,
Uma causa sem calma.

Uma causa perdida (?)
Uma causa perdoada.
Ou que perdoa.

Não uma causa abstrata, não uma coisa. Uma causa em pessoa.
Uma causa em poesia. Uma causa sem porém, mas com todavia. 
Uma causa para toda a vida, uma causa de vidas.


- Júlia S.


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Os Novos

Com todo respeito aos meus velhos,
Dando-lhes o devido valor.
Mas em meio à complicação dos adultos,
A origem do sofrimento e da dor;
E no meio da pouca sorte,
Observando de longe, mas sentindo de perto
A morte,
Os novos se tornam a esperança.
Seja no sorriso inocente de
Uma criança;
Nos sonhos adolescentes,
De quem se deita e levanta.
Ou anseios coerentes
De simplesmente um jovem
Que faz a mudança.


- Júlia S.


Não vou citar, mas enfim, toca Elis. (: 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Se Diz

Se diz à favor dos direitos humanos e igualdade;
Mas não exibe explicitamente - como se fosse sacanagem,
Pecado, imoral ou proibido - a homoafetividade.
Tem receio de perder audiência, de chocar o seu povo,
E assim pretende levar a tudo e a todos,
Enclausurando em seu globo.

Se diz mulata, mas não é considerada.
Pois não tem uma bunda enorme, cabelos longos
E tampouco samba no pé.
Apenas tem orgulho, sangue
E quem sabe, a fé.
Alguns a acham desprivilegiada
Por não ter a bunda enorme.
Outras, pelo tom de pele,
Acham que deu mais sorte.

Se diz preconceituoso.
Mas seria sua defesa contra 
Uma possível discriminação,
Ou por se considerar defeituoso?

Não vê que assumir o que é
É o caminho mais belo e singelo;
Gritar seu preconceito, isso sim
É horroroso.

Se diz muitíssimo amiga
De quem, em país estrangeiro,
É também brasileiro e conheceu há um dia.
Mas entre pobreza e sofrimento alheios
Tipicamente nacionais, não se faz de aparentado.
Não olha pro lado e tampouco esboça um "bom dia".
Pois não entenderá seu "good morning" ou "bon jour",
E seu sotaque após fonoaudiologia.

É negra,
Mas se diz morena.
Faz escova, luzes, e o tempo sem pegar sol
É bendizer uma quarentena.
Sua etnia é outra, que em tom mais claro
Passa muito pó.
E seus olhos não brilham,
Mas é colorido pelas lentes de contato.
Usa dourado,
Enquanto não vê,
Que o que realmente combina com sua tez
É o colorido,
É o sensato.

Se diz feminista,
Mas apenas sob a ótica de uma prazer efêmero.
Não sob uma ótica realista,
Abraça, luta e defende seu gênero.

Se diz social,
Mas é elitista, 
Capitalista,
Egoísta,
Alienado ou alienista.
Apenas não passa de mais um conceito de "o tal".
E suas ideias de um pré-conceito,
Sem ideal.

Se diz lógico,
Mas como todos,
É apenas um ser humano irracional.


- Júlia S.