quarta-feira, 8 de maio de 2013

Se Diz

Se diz à favor dos direitos humanos e igualdade;
Mas não exibe explicitamente - como se fosse sacanagem,
Pecado, imoral ou proibido - a homoafetividade.
Tem receio de perder audiência, de chocar o seu povo,
E assim pretende levar a tudo e a todos,
Enclausurando em seu globo.

Se diz mulata, mas não é considerada.
Pois não tem uma bunda enorme, cabelos longos
E tampouco samba no pé.
Apenas tem orgulho, sangue
E quem sabe, a fé.
Alguns a acham desprivilegiada
Por não ter a bunda enorme.
Outras, pelo tom de pele,
Acham que deu mais sorte.

Se diz preconceituoso.
Mas seria sua defesa contra 
Uma possível discriminação,
Ou por se considerar defeituoso?

Não vê que assumir o que é
É o caminho mais belo e singelo;
Gritar seu preconceito, isso sim
É horroroso.

Se diz muitíssimo amiga
De quem, em país estrangeiro,
É também brasileiro e conheceu há um dia.
Mas entre pobreza e sofrimento alheios
Tipicamente nacionais, não se faz de aparentado.
Não olha pro lado e tampouco esboça um "bom dia".
Pois não entenderá seu "good morning" ou "bon jour",
E seu sotaque após fonoaudiologia.

É negra,
Mas se diz morena.
Faz escova, luzes, e o tempo sem pegar sol
É bendizer uma quarentena.
Sua etnia é outra, que em tom mais claro
Passa muito pó.
E seus olhos não brilham,
Mas é colorido pelas lentes de contato.
Usa dourado,
Enquanto não vê,
Que o que realmente combina com sua tez
É o colorido,
É o sensato.

Se diz feminista,
Mas apenas sob a ótica de uma prazer efêmero.
Não sob uma ótica realista,
Abraça, luta e defende seu gênero.

Se diz social,
Mas é elitista, 
Capitalista,
Egoísta,
Alienado ou alienista.
Apenas não passa de mais um conceito de "o tal".
E suas ideias de um pré-conceito,
Sem ideal.

Se diz lógico,
Mas como todos,
É apenas um ser humano irracional.


- Júlia S.



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