O vinho melhora com o tempo.
E o tempo melhora com o vinho.
Justamente aquele tempo frio,
Em que não há segunda pele que aqueça o corpo,
Que não há coração
Que aqueça a alma,
Que não há calor que
Alimente a calma.
Não há "tim-tim",
Não há o me e o ti;
Mas ainda há o o tinto
Do próprio sangue,
O próprio branco do brando
Do espírito,
Sobre o ácido cítrico.
Gole travoso
De solidão
Saboreando o próprio corpo,
Bebendo do coração.
E o tempo melhora o vinho.
E o vinho melhora o temporal,
Aquela ventania por trás da porta
Que já derrubou uma árvore morta.
Não há o úmido de um beijo,
Mas há o úmido das gotas
De um vinho seco.
Suavizando a intensidade
De uma feroz tempestade.
De uma algoz saudade.
Sirvo somente uma taça,
Ou logo encosto a minha boca
Na boca da garrafa;
Já que a tua presença,
Não me concedes essa graça.
- Júlia S.
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