quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Viva Irmã Água

Viva cada calo,
Viva cada calor!
Me fazendo aberta f(e)rida,
So(u)frida em vida, não me calo -
Minha tez dilacerada grita
Com love e louvor.
Lava,
Restituída,
A alma
Leve em corpo livre.
Pruma à fogueira condenada
Não há maior frescor
Que esse regozijo, 
Nessa água
(Fervente contra a corrente),
Sendo a fonte meu suor
(E algumas lágrimas)
Em que me lubrifico.
Não sou pó;
Sou meus poros 
Exal(t)antes de amor
Para ainda mais permeá-lo
E excretar a dor,
Como chuva que me molha
E abastece a luta
De qualquer lugar e hora -
Na rua,
Entre quatro paredes,
Na lua,
Na rede,
Na cotidiana labuta.
Na sede.

E assim faço minha reivindicação
Por essa vida de dar as mãos,
De dar asas à revolução,
E também por os pés no chão;
Por os poros em ação
Para não virar pó de cinzas.
Reivindico cada gota,
Cada gole,
Para na chuva me molhar,
Beber e brindar essa vida!
Ouvi dizer que mulheres são como águas
- Quando se encontram ficam mais fortes.

Viva a enxurrada!
Que a opressão não nos afogue -
Essa não nos suga,
Nessa a gente surfa.


- Júlia S.






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