terça-feira, 11 de junho de 2013

Maresia

Deixo me envolver
Pela maré tão alta
Que foge do alcanço
De meus dedos;
Ludibriada diante dessa
Demonstração de tal
Desapego.

Tiro suas conchas
E lixos,
Molho minhas coxas 
E nesse retiro
Vomita um vômito
Do mito -
Nos mesmos dedos;
E finge sondar meus
Ouvidos.

Som dar
De ondas
De mar.
Sondar.

Eu Lírico,
Prazer,
Seu Infinito!
Que
Me afoga em meu próprio
Suicídio;
Me desfoca em meu ócio
Omisso, me causa desvio
Havendo lugar óbvio de
Destino.

Em imensidão, imerso;
Em singular, singelo;
Em meu mundo, universo.

Pedaço que peço,
Bala que levo,
Belo que fica;
Alma lavada,
Vida vadia,
Corpo sujo
De tez salgada,
Areia marcada
De beleza machucada,
Peleja passada
Em peneira mareada;
Peleira assada.

Mar imundo
De desilusões
Da alma;
Coração sem fundo
Afundado em sal
E água.
Ardendo em cicatriz viva,
Adornando diretriz sem saída
Ou morta.
Células epiteliais dilaceradas
Pelas rochas
Sinceras, geladas e remotas. 


- Júlia S.






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