quarta-feira, 12 de junho de 2013

Se Eu Fosse Um Aviãozinho de Papel

E quando eu for um aviãozinho de papel,
Singelo sob um manual cruel,
Quero que você me dobre,
Quero que me dependure um anel;
Quero que você me cole
Meus detalhes tão frágeis,
Cada pedaço sem sorte;
Quero até que pegue um lápis
De cor,
E que me escreva e colore;
Quero que aos poucos,
Com amor,
Me faça de poesia e adorne.

Se de tanta asa, todavia,
E origami, 
Voei ou sei
Voar, querer hei
De ter a chance -
Fazer minhas nuvens
Com qualquer chumaço de algodão,
De viajar em qualquer escala
Ou conexão,
Sem nexo ou escada,
Estrada sem chão,
Entrada sem noção
De parede, em rede armada
Sem caber colchão e gente inerte 
Deitada.

Pontes aéreas,
Jamais muralhas.

Voada em cada rede tecida
De balancê,
Flutuando em cada fumacê,
Neblinada em cada chumaço
Forrado de aço
Desse fumaço.

Você (espero) vai entender,
Cada pena (esmero) de pássaro,
Cada cinza de cigarro.
Um fogo aceso inapagável.
Um voo mereço, impagável.

Sou eu sendo a voadora
Em meu papel voador;
Me faça como for,
Mas me deixe me desfazer
E me recompor,
A mercê disso
Que eu sou.

Dor com dó, dó com amor.
Vou com só, solo eu voo,
Sob o sol, com por.



- Júlia S.




Nenhum comentário:

Postar um comentário