quarta-feira, 24 de abril de 2013

(Sobre)vida

O neto aborda o avô:
- Vovô, qual foi a pessoa da sua vida?
- Várias. - responde o velho
- Hum... Quem, então?
- As minhas namoradas, os meus melhores amigos, o meu primeiro empregador, uma professora muito especial... Até um cachorro que eu tive.
- Como assim, vovô? Então todas essas pessoas foram, basicamente, a razão do seu viver?
O avô deu um longo suspiro, e se pronunciou:
- Meu caro neto, qual é a razão do nosso viver se não as pessoas? Às vezes até gente que não se conhece! Na minha época de militância, por exemplo, eu pensava em gente que sequer havia cruzado comigo na rua, mas que tanto quanto eu ou quanto aqueles com quem mais tenho intimidade, merecia viver num país democrático, justo, livre, onde o Estado não não coage seus cidadãos e nem pratica violência direta contra eles. 
Você quando vai sair, por exemplo, escolhe uma roupa legal para usar, já pensando no que gente que você nem conhece, nas ruas, vai pensar, ou quiça no intuito de conhecer uma garota por quem possa se interessar, e ela por você... Mas não é só a gente que vive por elas, as pessoas também nos fazem viver. Nos fazem amar, ter prazer, odiar, chorar, rir, sorrir, gargalhar, sofrer, se divertir, ir à esquina,  experimentar coisas que até então a gente nem imaginava... Mas a verdade é que muitas dessas pessoas vêm e vão na nossa vida.
- É... mas eu tô falando de mais que isso, vovô! Não há gente de fundamental importância na sua vida?
- Aí, já é outra história... Não se trata de quem me faz ou fez viver. Mas de quem já me fez sobreviver.


  - Júlia S.



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