Tenho um sangue tão vivo
E uma carne tão pútrida.
Tenho um corpo tão sujo
E uma alma tão pura.
Tenho meus membros inferiores amputados.
Mas braços de abraços apertados.
O que vale é o regenerar
Do libertado.
Tenho raízes,
Mas tenho asas.
Não tenho imposições,
Mas tenho diretrizes.
Tenho arquejante minha respiração,
Mas tenho mais ar no pulmão.
Tenho os pés tão cansados
E mãos que pedem mais.
Tenho uma consciência tão humana
E sentimentos tão irracionais.
Tenho um suor que exala o amor
E tenho lágrimas que cheiram a dor.
Tenho uma personalidade colorida
E tenho uma pessoa incolor.
Tenho um cérebro tão acelerado
E uma mente que se dá o desfrute
E desfruta o ócio.
O que me move é o bem querer
E o que me para é o ódio.
A minha pele sente o bom,
Sob ela procura habitar o bem,
E essa mesma tez é ferida pelos males.
Para não me asfixiar na mesmice
Tenho necessidade de respirar
E quiça fazer
Novos ares.
Tenho que nadar na caretice
Para não me afogar na idiotice.
Mas mais que isso,
Tenho que lutar contra a corrente.
Eu tenho muita coisa,
Às vezes que eu sinto
Mas ninguém sente.
Assim espero
Que eu possua e nada me tenha.
E que nada eu tema.
Assim faço com esmero.
E você, o que tem?
Ou o que sobrepõe o seu ter?
- Júlia S.
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